segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Algum término...


Eu olhava a aquele lugar com olhos de saudade, de medo, de dor. As paredes brancas e o espaço infinito daquele quarto entraram em nós, invadiram nossos peitos, sonhos e planos. Era como se a gente não coubesse mais ali, como se ali não coubesse a gente. 'A gente' nem sequer existia mais. Eu sabia, você também sabia.

Os lençóis desarrumados, as malas feitas, a casa já vazia. Era hora de partir. Isso significava bem mais que somente isso para nós, isso significava o fim. Os sinos haviam tocado, era hora que nós temíamos desde o inicio, era aquela hora que nunca coube nos nossos planos. Você me olhava com os olhos vermelhos e o coração na mão ao dizer “Boa sorte, conte sempre comigo!”. Falas quase engasgadas que não eram sinceras, não podiam ser. Não restou nada entre nós, nem mesmo a sorte.

Meus braços trêmulos envoltos pelos seus, aquele abraço final, aperto de despedida. Eu nem imaginava o que estava acontecendo. Eu estava te perdendo. Eu já havia perdido. Nós nos perdemos e juntos destruímos partes inteiras só nossas, que simplesmente não cabiam mais em nós.

E hoje, lentamente já não resta mais em mim aquela saudade, aquele medo, aquela vontade. Hoje não resta nem mesmo a cama bagunçada ou aquela sala que nós decoramos com as nossas cores quentes, que agora está lá… vazia, suja, abandonada. Mas, pronta para esperar os próximos de nós, os próximos a tentar. Os próximos a acreditar que aquela cama desarrumada são o começo deles, e não o nosso fim.

Eu brindo aquele dia com alguma sensatez muda. Eu ainda guardo o teu fim em mim, afinal a gente já esperava. E de algum modo, há algum tempo, a gente percebeu que ‘a gente’ não existia mais. E que toda aquela tentativa estava nos corroendo acidamente por dentro. Nós já não éramos os mesmos, e já não estávamos mais dispostos a machucar-nos e sofrer assim por algo que não preenchia mais ninguém.