quarta-feira, 23 de março de 2011

O que é a morte?

Pra mim é o completo descontrole da vida, pra que tudo se a gente nunca sabe qual vai ser o fim? Uma costela perfurando o pulmão, uma bala perdida, uma hoverdose, um acidente de carro... O corpo se decompondo, apodrecendo, se desintegrando, com vermes por tudo aquilo que você tanto prezava... E o que sobra? Lembranças? Recordações? Pensamentos? Quem sabe uma alma? Que sofre? Que está em paz? Que não existe?

A gente observa a morte e repensa a vida... O que você fez que realmente valeu a pena? Ou sua vida toda sempre girou em torno de nada? O que eu ainda quero fazer? Vou ter tempo? Vai doer? Como vai ser?

A morte ronda a vida a todo o momento, o passar dos anos e o padecer do corpo, as fatalidades, as doenças, a vida se apagando como uma vela já sem oxigênio pra continuar queimando, como pingos no fim da chuva, ou a última folha a cair no outono, o último pássaro a migrar ao sul, o último suspiro, o último minuto, segundo, a última piscada, as mãos fracas, o corpo pesado, a última palavra, o medo...


Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Raul Santos Seixas

terça-feira, 22 de março de 2011

Morte, piada pronta.


Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do

Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante
iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação,
a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível,
era só dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam. A
verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é
uma piada pronta. Morrer é ridículo.

A morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?


Não sei de onde tiraram esta idéia: MORRER!!! A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente... De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, uma artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.

Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e
penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu. Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça...



Pedro Bial.

domingo, 20 de março de 2011

Inevitável...

Acho que a maioria das pessoas conhece a história do Edward mãos de tesouras, mas o foco é dado pela paixão dele pela filha da mulher que o abriga em sua casa, a concretização do seu amor e a impossibilidade de ficarem juntos, junto com a inaceitação da garota por possivelmente estar apaixonada por um ser diferente e estranho que apareceu em sua vida. Mas mesmo assim, nunca deixando de cuidar de Edward e transmitir a ele carinho e compreensão. Sendo quase inevitável se apaixonar...

Muitas coisas nessa vida a gente não pode evitar, se apaixonar não devia ser assim... Ainda mais quando não se sente o mesmo que a gente, eu sempre achei que sofrer era opcional, demonstrar o sofrimento talvez seja, mas sempre bate uma pontinha de ciumes e tristeza, raiva também... Aquela vontade de poder movimentar a vida com um dedo, comandar o coração com cerveja e cigarros, e quando ele me abraça... ahhh meu mundo para e eu queria ficar ali pela eternidade.

"Te quero tanto, se ao menos você soubesse" se você soubesse, acho que ia querer o mesmo que eu... Pensando bem, soubesse não, se você sentisse... a vida não se resume em sexo com pessoas desconhecidas, queria ter alguém pra apegar e ter uma certeza, mas todos temos um passado, e o meu não é uma propaganda para namoro.

Antes de qualquer medo, de não beijar você, não abraçar você, não falar com você, o maior de todos é não ter você por perto, em todos os sentidos... E a minha vontade é te cuidar, te ver sempre bem e feliz, te ver seguro, poder te xingar quando você faz merda, e abrir teus olhos sobre as tuas atitudes erradas, fazer as coisas pra te agradar, e ver um sorriso idiota nessa cara de bobo.

Esse teu jeito infantil me deslumbra, a forma com que chora sem ao menos se importar se te olham ou não, tem dias, que eu queria ter uma mãozinha mágica pra mudar a sua vida e tirar esses seus problemas, pra você não precisar mais chorar, nem ficar triste. Eu queria ter muita coisa contigo, mas to me contentando muito com a tua amizade, que ta sendo especial demais pra mim...

(L)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dias melhores...


Vivemos esperando dias melhores, dias de paz, dias a mais, dias que não deixaremos para trás... Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo... Vivemos esperando o dia em que seremos. Vivemos esperando dias melhores pra sempre!

J.Quest

domingo, 13 de março de 2011

Maldito Coração.

Eu sou uma pessoa egoísta e mesquinha, e não possuo direito de atrasar ou atrapalhar a vida de alguém por um capricho meu, as outras pessoas também possuem prioridades, que talvez sejam bem mais significativas e importantes que as minhas...

Talvez o que eu mais preciso, eu já tenho, o mais significativo e forte já seja meu, mas como toda criança mimada, o que possuímos nunca é o suficiente...

Bendito tempo que nos deu oportunidades de arrepender-se e voltar atrás, mas nem sempre nos damos a chance ou temos a oportunidade de redimir-se, ou será que nem queremos muito isso? Arrependimento pode ser tido como um recomeço, um caminho novo, o e o antigo não será seguido outra vez, ao menos que o egoísmo cegue novamente, o que eu não vou deixar acontecer, porque por mais que eu não acredite no amor, eu sei que me importo muito com as outras pessoas por quem tenho um carinho assim, e prefiro vê-las felizes e tê-las como bons amigos, do que ao meu lado sem significar porra nenhuma.


Te vi chorar, e eu chorei junto, por culpa talvez, remorso, acho que é essa inocência e bondade que mexe tanto com os meus hormônios, essa ternura de criança, que me faz querer chorar agora, me pergunto se é por não te ter, por medo de tê-lo e como sempre ver tudo virar em nada, ou só porque chorou, porque eu odiei ver você chorar...Afinal, amigos se apaixonam as vezes, e tomara que isso não aconteça com você, que nunca me queira, pra mim nunca poder te magoar, e te ter sempre próximo a mim, pra me cuidar, e só ficar junto comigo quando eu realmente precisar... Queria te dar um abraço e dizer obrigada, e pedir desculpas pelas minhas atitudes mesquinhas...

sábado, 12 de março de 2011

Só um pouquinho de ti...


Pouco importa, venha a velhice. O que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, preferiram (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer, chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação. Pois se de tudo fica um pouco, porque não ficaria um pouco de ti? No trem que leva ao norte, no barco, nos anúncios de jornal, um pouco de ti em Londres, um pouco de ti? Na consoante? No poço? Porque és tu. Quem com apenas duas mãos, reproduziria o sentimento do mundo? Quem, com tanta serenidade, ficaria sentado, contemplando um mar de pessoas na calçada? Quem suportaria o frio das madrugadas, ouvindo o som manso das ondas que se quebram, sem poder, ao menos, molhar a barra da calça? Quem deixaria que lhe levassem os óculos uma, duas, ou três vezes, sem perder o foco? Quem seria capaz de morrer de amor, e ainda assim, permanecer imortal? ;/


C. Drummond

quarta-feira, 9 de março de 2011

Só pra te ter por perto...


Talvez amor seja aceitar todas as condições da outra pessoa, sem ela nem mesmo saber que as está impondo a você, quem sabe o amor seja apenas a alegria de ficar próximo, e ao ser tocado, sentir todos os pelos do seu corpo arrepiarem, o coração sair pela boca de tão forte que está batendo, e uma vontade enorme de vomitar de tanto nervosismo... uma sensação tão boa que chega a ser ruim... Ou tão ruim que pode ser boa... É querer ficar acordado só pra olhar dormir, e não querer tocar pra não incomodar, é ter a pessoa tão perto e ao mesmo tempo tão distante, e você não entende o que prevalece mais... Olhar as costas nuas com uma vontade enorme de acariciar e não fazer, sentir a respiração tão perto do seu rosto que você sente o gosto do beijo sem nem mesmo ter feito, sentir frio pra deixa-lo quente, ignorar o ciume pra não ser notado, se contentar com a amizade, que pode ser o amor mais forte do que qualquer outro, e ser feliz por tê-lo ali com você, só perto...