terça-feira, 23 de outubro de 2012

Whisky forte. Cigarro forte. Abraço forte. Tudo forte, só pra compensar um coração tão fraco...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Como os tigres



As montanhas se movem um pouco, eu acho. O firme e intacto também podem se modificar. Hoje escutei que os tigres velhos, quando percebem que estão chegando ao fim, não param de lutar, combatem até o ultimo instante. Entendo a determinação, só não entendo porque ser tão determinado, suas vidas não passam de rotinas; comer, dormir, procriar, e só. Já a minha, quase como a dos tigres; comer, dormir, trabalhar, não procriar e sentir saudades. Saudade de tudo que já percorri antes, tudo mesmo, erros e acertos, desde chorar embaixo da cama, até passar madrugadas muito loucas em lugares quaisquer. 

 
Sinto falta do sereno arrepiando meu cabelo e da fumaça do cigarro na minha traquéia, do gosto do whisky e da tontura, até das náuseas, sinto falta dos olhares, das músicas e do shorts curto, e também do salto alto, das tardes na beira de um rio, e do abraço apertado nas horas de dificuldade, das críticas sinceras e da preocupação, sinto falta da euforia. Mas principalmente das pessoas, estar afastada delas deixa um buraco no peito, que as vezes a vontade é sair correndo e dar um abraço, falar algo bonito ou mandar uma mensagem, só pedindo “oi fulano, como você tá? Tenho saudades...” 

Sempre tive tudo e todos como algo tão concreto que não consigo acreditar ter fim, vou ser sempre a sapatinha, o chaveirinho, a mulher macho ou qualquer outro apelido irritantemente carinhoso que pudessem me dar, vou brigar junto e derrubar garotos com um soco, pra depois correrem me defender, vou escrever cartões de amor e escolher presentes pras namoradas, vou pagar a mesma quantia porque bebo tanto quanto ou até mais, e na hora do aperto é pra mim que vão ligar, me busquem e me levem mas estejam sempre junto comigo.

Ou pra sempre longe, a partir de agora, porquê eu fui a égua fraca que se deixou domar, a cadelinha dengosa que aceitou ter coleira, ou a boba mesmo que acreditou que a vida poderia ser melhor ao lado de alguém que exige escolhas, alguém que te prende somente a ele, alguém que nem se quer respeita sentimentos de luto e auto piedade, alguém que acredita sentir amor, mas amor não é isso, isso é obsessão. Meus braços pesam e minhas pernas estão fracas, sabe-se lá até quando meus pés aguentam a caminhada, e a minha montanha, a minha montanha era de areia, com o tempo ela se desfez e não posso mais encontrá-la.  Mas também como os tigres, não posso deixar de lutar por ela, mesmo no fim.