sexta-feira, 1 de março de 2013


A gente remexe algumas gavetas e caixas, chora sobre os entulhos e abraça algum urso velho. Quão forte são essas ligações? E porque um pedaço de papel as vezes é mais importante que um dedo da minha mão? Passo e repasso sorrisos, olhares, e por vezes consigo até escutar alguma voz, me prendo ao passado e gosto disso. Gosto? Como diz meu pai: "Parece, menina, que gosta mesmo é de sofrer". Não é sofrer, são as etapas da minha vida que construíram como sou hoje, são momentos que me ensinaram, são os erros e algum tapa na cara que abriram meus olhos, são paixões idealizadas que ainda enchem meu corpo de adrenalina e tremem minhas pernas, são recordações, ou são apenas tempos que me agradam lembrar... 

Nenhum momento parece tão intenso como quando lembrado com saudade! E é esse o problema, eu perdi a paixão, não consigo mais ser intensa, não consigo ter saudade, só consigo lembrar e sofrer, me torturar, já não é mais gratificante olhar as fotos e escutar as mesmas músicas. E essa tortura é o que me prende mais ainda ao passado, dois, três, dez anos atrás, e quem acreditava ser tão livre pelo fato de poder ir e vir, reavaliar e mudar, se sente enjaulada, dentro de um espaço onde o tempo fica se repetindo simplesmente como forma de punição, e a opção de desapegar é minha, só que não é uma opção, é algo distante, inconcreto, que eu jamais alcançarei. 

 Então, cá estou eu, como um fantasma arrastando algumas correntes, fazendo barulhos estranhos no escuro, ecoando vozes pelos corredores, me escondendo durante o dia, ou trafegando entre as pessoas sem ser notada, perdida em memórias, ou só perdida...


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