quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Eu não gosto.


Não gosto da forma com que as coisas mudam, eu gosto da época que a minha diversão era pegar um cavalo e entrar mato a dentro, sentar na beira de um riacho e imaginar o quão legal seria a minha vida daqui uns anos, mas não era, eu gosto de quando eu me juntava aos cachorros e brincava em um potreiro, dando tiros com uma espingarda de pressão em uma lata velha, que eu nunca errava, porque matar os pássaros não era legal, eu gostava daquela paz, de não ter absolutamente nada com que me preocupar, só olhar aquele céu estrelado e ver as corujas voando, pra chegar em casa e ver minha mãe morta de preocupação por eu ter apenas 13 anos e sair louca atrás do gado, o cavalo a pelo e aquela sensação de liberdade com um amigo que jamais iria me trair. Eu gostava de olhar o capim e imaginar que aquilo nunca ia acabar, de ter a minha casinha na árvore pra chorar nos momentos de desespero, andar por quilometros sem achar nada além da criação e cobras, tirar frutas doces das árvores, correr e imaginar se nada de sobrenatural havia acontecido naquele local, correr e ter a certeza de que aquilo era o que eu queria, acordar as cinco da manhã e ir pra estrebaria ver as vacas, estar sempre suja, pescando lambaris de tarrafa, andar por locais que hoje não passam de soja, milho e trigo, subir em uma carroceria e andar vendo a noite e querendo que aquilo jamais acabe. Queria acordar cedo ouvir o galo cantando, ter as pernas cheias de alergia por pisar em folhas de urtiga, e o pé sujo de lama de onde as vacas pisam, sentir que aquele céu azul era a minha realidade e olhar aquela casa de madeira sabendo que estaria sempre ali pra mim, mas não está... Volta??

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